Total de visualizações de página

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O Desesperômetro*


 

















                  Olha, sejamos francos; perder para o São Paulo no Morumbi a esta altura do campeonato era mais do que previsível. Mas, sei lá, parece que assumir cargos de direção no Flamengo por si só cega a pessoa, seja ela quem for. Estou falando da Patrícia Amorim e do Zico, é sobre eles que vai pesar, já está pesando, a responsabilidade por este descalabro. Quando o Andrade foi, sem motivo nenhum, demitido eu temi pelo pior. Pois o pior está aí: beirando a zona da degola, o time simplesmente se esqueceu como é que se faz gol; sem técnico, contrataram alguém sem experiência e sem vínculos afetivos com o clube; sem os craques que deram o hexa, contrataram jogadores que um dia1 fizeram alguma coisa em campo. A consequência é óbvia e o desesperômetro do torcedor já está ligado. Caso aconteça o pior dos piores ninguém vai se lembrar dos jogadores, apenas do técnico e dos dirigentes; portanto, a cagada que o tal Diogo aprontou ontem2 rapidamente vai ser esquecida, só pra citar um exemplo. A torcida raramente pede a cabeça deste ou daquele jogador e sim a daquele que o escalou (e de quem o contratou).
Já o Deivid reclama que está fora de forma. Mas só agora é que ele foi reparar nisso? E o que dizer do Silas? Sair cuspindo frases de efeito3 não vai ajudar em nada. E ainda chega e diz que “a prioridade agora é vencer”. Ora bolas, desde quando a prioridade foi outra que não vencer4? Isso está no hino do Flamengo, caramba! Pois vai ter que ganhar do Vitória no Sábado de qualquer maneira, não sendo isto mais do que a obrigação.
E o Zico? A última dele foi “As coisas não têm sido favoráveis para nós, o time cria e não consegue fazer gols. Isso vai gerando uma tensão, mas uma hora vira.” Uma hora quando? Quando estiver na lanterna? Bom, se ele quiser acreditar numa virada de última hora, taí o Fluminense do ano passado pra servir de exemplo. Mas certamente ninguém vai segui-lo neste delírio.
Por fim a torcida. Esta faz o que pode: grita, xinga, cobra, chora. Nada disso adianta muito, é verdade, mas estamos como sempre de mãos atadas esperando ou por uma virada na raça ou por um golpe de sorte como tem acontecido nos últimos campeonatos. Do contrário... Lembra da explosão?

* CASTRO, Ruy: O Anjo Pornográfico – A vida de Nelson Rodrigues (Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 1992)
1 Quando se repatria jogadores, ainda mais se estavam em países de futebol obscuro, deve-se desconfiar; se estivessem jogando bem lá não retornariam assim, sem mais nem menos.
2 Primeiro bateu no Richarlyson sem necessidade; depois tentou cavar um pênalti. Resultado: foi expulso. Coisa de amador mesmo.
3 Ainda ontem ele disse: “Quando o treinador mexe e dá certo é fenômeno, quando não dá é assim mesmo”.
4 Não adianta nada ter a melhor defesa e o pior ataque.

Por Nielsen, Carioca Desterrado
Em 9 de setembro de 2010, 2:30 P.M.