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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Rotinas


  

  No último domingo o Fla custou a ganhar mais uma partida aparentemente fácil; um a zero e lamba. Deivid marcou e garantiu a vitória, tomara que vire hábito. R10 entrou em campo, apenas. Foi substituído no decorrer da partida. O Flamengo ganhou mais uma; a sétima seguida. Só não leva a Taça Guanabara se não quiser.

 Pois bem, até aqui foi a mais pura rotina deste ano para o Flamengo; falar em rotina não atrai leitores nem dá IBOPE. O que aconteceu fora do campo, isso sim merece comentários; embora eu preferisse mil vezes ter que falar apenas em vitórias e títulos.

O fato é que a CBF (maldita seja) resolveu entregar a “taça das bolinhas” para o São Paulo. Havia uma liminar que impedia a entrega, mas foi solenemente ignorada. O São Paulo alega que a iniciativa partiu da própria Caixa Econômica Federal, o que já seria um absurdo pois o tal banco não tem autonomia para fazer isso. Com isso agrava-se ainda mais a polêmica sobre o título de 1987, começo a achar que isso nunca vai ter fim.

Mas, com taça ou sem taça, eu pergunto: tudo isso faz alguma diferença, por menor que seja? Alguém aí tinha esperança de que a CBF fosse algum dia mudar de idéia? O Flamengo deixou de ser campeão só por não ter a tal taça? Pois vou propor um raciocínio bem simples para provar que troféu não faz campeão: em 1983 a Taça Jules Rimet foi roubada e derretida; ora, ela foi ganha no México pela seleção brasileira que naquele ano foi Tri. Mas o fato é que a taça não existe mais e eu questiono o seguinte: não seria o caso de dizer que o Brasil não é mais penta campeão do mundo? Afinal ele não tem mais a taça referente a conquista de 1970, logo já não é mais campeão, certo? Se é campeão, cadê o troféu? Não, o título foi ganho no campo; taça, troféu, medalha, nada disso importa. Se o São Paulo quer a taça, que fique com ela e faça bom proveito, inclusive pra usar como consolo...

O que realmente me entristece nessa confusão toda é o mal-caratismo do presidente são-paulino. O clube dele era signatário do acordo que criou a Copa União em 1987, logo tinha o dever moral de cumprir com a sua palavra e entregar a taça ao Flamengo. Mas não, gente desse tipo não tem palavra, não tem honra, não tem caráter. E é nesse mundo que nós vivemos, infelizmente.

 

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Me lembro muito bem da partida em que você começou a ser reconhecido como craque; aqueles cinco gols marcados contra o Bahia (inclusive um numa falha grotesca do goleiraço Rodolfo Rodrigues) eram apenas um prenúncio do viria depois. Na época o Brasil vivia a expectativa de conquistar um título mundial que não vinha desde 1970. Ora, como eu nasci em 1972 eu nunca tinha visto o Brasil ser campeão! Mas, na época, a seleção estava recheada de craques e você acabaria somando; se o Parreira, o técnico na época, não te convocasse o Brasil inteiro sairia às ruas exigindo a sua convocação. Sim, eu senti que ali estava nascendo um dos grandes craques que o Brasil sempre produziu e o tempo não me desmentiu. Mas veio a Copa e o Parreira não o pôs em campo, na última partida ele preferiu por o Viola. Acho que até você ficou chateado, imagino.

Mas tudo bem, você foi pra Europa e, aí sim, começou a arrebentar. Logo veio a Copa da França e eu esperava que fosse a sua copa. Mas não foi. Você só marcou o primeiro gol na segunda partida, de pênalti. Naquele momento eu senti que algo daria errado. E deu: na decisão você não esteve bem e o Brasil perdeu a copa. Mas tudo bem, eu nunca te culpei por isso; você ainda era novo e teria outras oportunidades, digo, Copas do Mundo. Pois elas vieram; já na Copa seguinte você mostrou com quantos paus se fazia uma canoa. O mundo estava ganho, o negócio agora era levar a carreira em diante, certo? Mas, ah, que nada! Aquela cena de você caindo em campo com o joelho avariado até hoje me choca, deve ter doído pra burro, não é?

Mas o tempo passou e você trocou de time como quem trocava de mulher. Aliás, no seu caso era a mesma coisa... Então chegou a hora de começar a pensar em parar, mas antes você teria que jogar no seu clube do coração, certo? Mas vem cá, qual era mesmo o seu clube do coração? Definitivamente nunca foi o Flamengo, do contrário você não teria feito o que fez. Trocar a maior e mais sensata torcida do país por uma que muda de opinião a cada campeonato foi a pior coisa que você poderia ter feito. Casar com uma mulher e pedir divórcio três meses depois não foi problema. Ser pego com uns travecos, também não foi tão grave. Mas você não precisava ter virado as costas para o Flamengo. Queria jogar no Corinthians? Que jogasse então, mas o que a torcida do Flamengo te fez de mal pra você ter virado as costas para ela? Afinal, se na adolescência em Bento Ribeiro você não tinha grana para pagar a passagem até a Gávea que culpa eu e os quarenta milhões de rubro-negros espalhados pelo país temos? Quando você se machucava, será que nós teríamos que ter sentido as dores por você? Quando você jogava mal a culpa também era nossa? Enfim, você se enche de argumentos mas nunca vai conseguir explicar essa traição, por mais que tente.

Então chegou a hora de parar. Um dia ela ia chegar, não é? Pois uma página da história do football se vira neste instante.Com quinze gols marcados em copas. Com três títulos de melhor do mundo segundo a FIFA, aquela insignificância suíça. Com convulsões, traições, travecos e tudo. O que você vai fazer da vida de agora em diante definitivamente não é problema meu. Nem de ninguém. A vida segue em frente, certo? Pois seja feliz, então. Adeus.

 

 

Por Nielsen, Carioca Desterrado

Em 15 de fevereiro de 2011, 2:21 P.M.