Alegria, alegria
Pois é, ontem o Fla estreou na Copa do Brasil, competição à qual a sabedoria (?) popular atribui a pecha de "caminho mais curto para a Libertadores"1. Jogou mal como ultimamente, ganhou como sempre2. Ronaldinho3, após passe magistral de Léo Moura4, fez o dele. A torcida, que em qualquer lugar do Nordeste é majoritariamente rubro-negra5, fez a sua parte e foi lá apoiar. O time adversário6, e isto é digno de nota, havia tranferido o jogo para a capital alagoana; percebeu que seria um espetáculo e não pensou duas vezes.
Depois de “tudo” eu pergunto: e daí? Daí nada, quando a(s) taça(s) estiver(em) na mão eu esqueço os contras e tiro onda com os prós. Já disse e repito: o que me interessa são os resultados.
1 Isso é muito subjetivo e, consequentemente, discutível. Vejam: todas as rodadas da Copa do Brasil são disputadas na base do mata-mata; isso está longe de facilitar as coisas. Alguns dos grandes clubes do Brasil não tem este título: São Paulo, Botafogo, Atlético/MG e, last not least, o time do meu colega de blog. Por outro lado, com um quarto lugar no Brasileirão um time se garante na Libertadores. Portanto, ganhar a Copa do Brasil pode ser um atalho, mas não é muito mais fácil que ficar pelo menos em quarto lugar no Brasileirão.
2 O paradoxo por excelência do football. Até agora o time está invicto e isso deve ser comemorado sim. Que um dia o time vai engrenar e jogar bem (ou pelo menos corretamente) eu não tenho dúvidas. Mas quando isso vai acontecer? Quando começar a perder? Sejamos realistas: isso vai acontecer uma hora, só espero que não seja na hora errada.
3 Ele não é nem nunca foi goleador, logo não se espera que faça muitos gols. Ele veio para completar o time, coisa que fez em todos pelos quais passou. Mas se balançar as redes de vez em quando vai afastar críticas descabidas. Ah, ontem ele levou um chapéu, mas que diferença faz? Ninguém vai se lembrar do nome do jogador que fez isso (mas este nunca vai se esquecer!), não é?
4 O que mais precisa acontecer para se concluir que é o melhor lateral direito do Brasil? Com o tempo ele vai se tornar o segundo melhor que já passou pela Gávea. Sim, pois o melhor até hoje foi Leandro, o grande Leandro, campeão do mundo em 1981.
5 Não podendo questionar a tamanho da torcida rubro-negra, o que os imbecis de ambos os sexos fazem? Questionam a natureza desta mesma torcida. A alegação é mais ou menos a seguinte: quando algum instituto de pesquisa pergunta ao cidadão para qual time ele torce, espera-se que ele responda em ordem de prioridade, ou seja de qual time ele gosta mais. É o que sempre acontece, mas quando o time citado é o Flamengo o que os imbecis supracitados dizem? “Ah, na verdade o Flamengo é o segundo time para qual ele torce, para o qual ele tem apenas uma certa simpatia...” Quer ser anti-flamenguista? Seja. Mas comentários deste tipo são o suprassumo da burrice aliado a mais abjeta ignorância. Ontem a torcida do Fla mostrou mais uma vez que, no Brasil como um todo, é quase onipresente.
6 O Murici (acho que é assim que se escreve) demonstrou uma grandeza de caráter rara neste país de recalcados; admitiu e não se importou com a condição de mero coadjuvante. Pelo contrário, fez uma grande festa para o evento que deve ter sido o maior de sua história: jogar contra o Flamengo. Quantos e quantos times pequenos pelo Brasil a fora não teriam tentado aparecer da maneira mais baixa possível, isto é, batendo a torto e a direito?
Por Nielsen, Carioca Desterrado
Em 17 de fevereiro de 2011, 4:30 P.M.