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terça-feira, 11 de outubro de 2011

Água mole em pedra dura



O resto vocês sabem. Mas, como diria Nelson Rodrigues, o FlaXFlu surgiu quarenta minutos antes do nada. É o clássico do qual Pelé (palavras dele) gostaria de ter participado um dia. É O clássico, ponto. E em clássico não existe zebra, qualquer resultado é normal. Eu poderia, com o perdão do gerundismo, estar escrevendo hoje sobre mais uma derrota rubro-negra, mas...
Água mole em pedra dura tanto bate até que fura. Se um dia a água acabar, aí são outros quinhentos. O fato é que eu pressenti (raramente isso acontece comigo) no momento do segundo gol do Flu que a virada viria. E veio pra acabar com a inhaca que já estava durando tempo demais: segunda vitória seguida e eis o Fla de volta ao G4. O resto é consequência.
Por outro lado, se tem algo que eu detesto em se tratando de football é a tal da análise tática pós-jogo, acho isso de uma inutilidade irritante. Mas há algumas observações que devem ser feitas e são impossíveis de ser ignoradas:
·      O Fla começou com três volantes (Renato, Maldonado e Muralha) e o quê conseguiu com isso? Tomar um gol, exatamente aquilo que o tal esquema se propunha a evitar.
·      Só quando esse esquema maldito foi modificado é que o time engrenou; Botinelli entrou  e o Fla voltou ao ritmo “normal” de jogo: pra cima e pra frente. Sempre.
·      O argentino Botinelli arrebenta quando joga desta maneira: lá na frente, seja quem for o seu companheiro de ataque. E no domingo ele arrebentou.
·      Vanderlei Luxemburgo espera sempre um raio cair em sua frente para enxergar o óbvio. E, às vezes, nem assim: se não tivesse mudado o time era mais uma derrota na conta.
Como eu disse detesto fazer isso. Mas reconheço que, de vez em quando alguém nesse time me surpreende; a bola da vez é o supracitado jogador argentino. Quantas vezes eu estive prestes a chama-lo de “Botinudo” aqui neste mesmo blog... E a culpa nem era do cara; era do esquema adotado. Se Luxemburgo assimilar a lição deste último clássico, até eu, que sou naturalmente pessimista para com o Fla, começarei a falar em título.

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Momento de orgulho: do ilustre e saudoso Bussunda transcrevo um comovente e comovido depoimento sobre o Flamengo:

"Meu orgulho de ser rubro-negro começa pelo orgulho de ser carioca. Não dá para negar que a paisagem mais bonita e mais emocionante da Cidade Maravilhosa é a entrada no Maracanã no dia de uma decisão do Mengão. O contraste da escuridão do túnel que leva às arquibancadas, ou o silêncio dos elevadores sociais para o Maracanã lotado e brilhando em vermelho e preto é de arrepiar qualquer torcedor. Continua pelo orgulho de ser brasileiro e fazer parte da maior torcida do mundo, do time que foi mais vezes* campeão brasileiro no país do futebol. Não preciso nem falar de Zico e companhia, do fato de todos os astros internacionais que nos visitam fazerem questão de usar o manto sagrado, nem da pichação: “MENGÃO CAMPEÃO DO MUNDO”, que eu vi num muro em Chartres, no interior da França. Quem é Flamengo é Flamengo até morrer, em qualquer lugar do mundo. E faz questão de acompanhar seu time, seja no Rio, em Tóquio, ou em qualquer local que o Rubro-Negro jogue. Torcedor do Flamengo que se preze faz questão de bater no peito e dizer com o maior orgulho: “Os outros que me perdoem, mas sou Flamengo e não abro”. Para saber o que é isso, basta ir ao Maracanã em qualquer jogo do Mengão. A emoção de ver aquela galera maravilhosa cantando e gritando palavras de ordem emociona até quem não gosta do Flamengo. Já vi muita gente chorar ao passar por essa experiência. É por isso que a torcida rubro-negra é chamada de nação. Uma nação com muito orgulho de ser Flamengo. Não tem jeito. As torcidas adversárias têm razão. Os rubro-negros são muito metidos a besta. E, convenhamos, com toda razão..."

* Quando ele disse isso, o Fla ainda era "só" Penta e ninguém tinha mais títulos. Até que veio a CBF e mudou tudo...

Por Nielsen, Carioca Desterrado
Em 11 de outubro de 2011, 1:50 P.M.