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quarta-feira, 18 de agosto de 2010

1982



Aos dez anos de idade, segunda infância, pré-pré-adolescência, tive as duas primeiras e, até hoje, maiores tristezas esportivo-flamenguístico-futebolísticas da minha vida. Em 1982, sem internet nem celular, vi pela TV o mundo quase pegar fogo1. Vi a Guerra das Malvinas, vi o massacre nos campos de refugiados Sabra e Chatila2, vi a campanhas das eleições gerais que levaram Brizola3 ao Palácio da Guanabara pela primeira vez e no fim do ano machuquei a perna e ganhei uma cicatriz que carrego até hoje.
Mas, como eu já ia dizendo, foram duas tristezas que marcaram aquele ano:
No dia 5 de julho eu vi a seleção de Telê Santana ser eliminada da Copa e do sonho do Tetra. Vi Paolo Rossi fazer três gols improváveis, como improvável era a derrota do Brasil. Chorei. Esperneei. Concluí que nem sempre haveria justiça no futebol4.
E também naquele ano vi o Flamengo perder o título carioca para os bacalhaus. Um gol bobo de um tal de (se não me falha a memória) Marquinhos, que até jogou no Fla posteriormente. O Flamengo era Raul, Leandro, Figueiredo, Marinho e Júnior; Andrade, Adílio e Zico; Tita, Nunes e Lico. O vasco? Não sei e nem quero saber. Mesmo sabendo que hoje (18/08/2010) são 99 vitórias do Fla contra 85 dos bacalhaus em 255 jogos, quinze títulos ganhos (contra quatro) sobre eles, ainda assim aquilo não me sai da memória. Um time que era Zico, Júnior e cia., perder para um timinho cuja escalação talvez nem o torcedor mais fanático se lembre, foi a suprema injustiça. A ZEBRA personificada. Nem a perda da Copa do Brasil em 2006 para o Santo André (quem?) doeu tanto.
Em 1982 o Flamengo não me decepcionou; me fez ser mais realista.

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Me questionam por não responder à provocações vascaínas. Digo que não é necessário. O Fla só fica abaixo dos bacalhaus EVENTUALMENTE; no dia seguinte ou no Campeonato seguinte tudo volta ao normal. Por que eu me incomodaria? A realidade não se incomoda com o sonho5, nem a verdade com o delírio; logo, não devo olhar pra baixo quando sinto uma pedrinha debaixo do sapato. Por outro lado, quando faltam argumentos, TUDO que fazemos é “discutível”.
Afinal de contas, o MEU time foi á Tóquio e voltou de lá trazendo a taça. E o deles?

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Reforços, Patrícia, queremos reforços! Leandro Amaral vai ter que suar muito a camisa se quiser fazer bem no Flamengo aquilo que fazia razoavelmente no vasco e quase mediocremente do Flu. E o que dizer do “turco” Deivid? Ou do “grego” Diogo? Problemas a vista...




1 Saiu bastante chamuscado.

2 Uma história até hoje muito mal contada.

3 A desgraça carioca começou exatamente aí.

4 O tempo comprovou essa conclusão.

5 Sequer o reconhece.


Por Nielsen, Carioca Desterrado.
18 de agosto de 2010, 5:20 P.M.