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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

A fogueira das vaidades



Embora todos (inclusive você que está lendo, sei lá) discordem, o assunto mais importante da semana envolvendo o Fla não foi a contratação de Joel Santana para comandar o vapor. Não, o evento mais significativo lá na Gávea foi a demissão do Vanderley Luxemburgo. Sim, há aí uma relação óbvia de causa e consequência. Sim, o vai-e-vem dos técnicos acontece no Flamengo como em qualquer outro time. E sim, não é a primeira vez que tanto Vanderley quanto Joel comandam a equipe.
Mas imaginem que antigamente o que segurava um treinador em seu cargo era a sequência de resultados em campo: ganhou um campeonato (qualquer um), ficou entre os primeiros colocados em um outro, se classificou para uma competição mais importante a ser realizada no ano seguinte? Então está mantido no cargo. Era simples assim. Simples e correto.
Pois nada disso segurou Vanderley Luxemburgo no cargo. E não me perguntem o porquê, pois se nem os próprios dirigentes do Fla saberiam a resposta, que direi eu? Qualquer arremedo de explicação vindo lá da Gávea envolveria um monte de evasivas, algumas meias-verdades e muito, muito subjetivismo.
Enfim, resultados não são mais o suficiente. O subjetivismo de que acabei de falar manda mais numa avaliação do que ter o melhor ataque e/ou a melhor defesa. É preciso agradar as estrelas do time, caso haja alguma. Tem que puxar o saco da diretoria. Tem que vencer como, quando e do jeito que a “torcida” quer. Tem que jogar “bonito” seja lá o que isso signifique. E, no final, tem que torcer para todos irem com a sua cara.
Foi a terceira passagem do Vanderley pelo Flamengo: na primeira, em 1991, foi campeão carioca; na segunda, em 1995, foi praticamente expulso pelo Romário; e agora...bem, e agora esbarrou no Ronaldinho Gaúcho e nos salários atrasados, entre outras coisas que desconheço. Diferentemente dos dois craques supracitados, Luxemburgo é declaradamente torcedor rubro-negro, e o tempo vai mostrar a diferença que isso faz.
Olha, eu não o conheço pessoalmente, não faço a menor ideia de que tipo de pessoa ele é, mas é no mínimo muita ignorância creditar a fatores extracampo a conquista de cinco campeonatos brasileiros, só pra citar os títulos mais significativos que ele já ganhou. Este currículo o levou a dirigir até mesmo um Real Madrid, mas não foi o suficiente para mantê-lo em nenhum dos clubes que comandou.
Na semana passada, poucos instantes após eu acabar de postar um texto neste blog chegara a notícia da demissão de Luxemburgo. O curioso é que eu tinha acabado de escrever exatamente sobre isso e manifestara a minha preferência pela permanência do treinador. Não me ouviram.
Só me resta concluir que, infelizmente, a fogueira das vaidades também foi acesa na Gávea e vai fazer mais vítimas com o tempo. Isso já acontece com todos os grandes times do Brasil, quisera eu que com o Fla fosse diferente...

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Já o Joel Santana foi o responsável direto por uma das mais fantásticas campanhas que o Flamengo teve nos Campeonatos Brasileiros. Sim, aquela virada em 2007 foi tão vibrante quanto seria um título: o time estava na zona da degola, Joel chegou e fez o time terminar o campeonato em terceiro lugar, com vaga direta na Libertadores do ano seguinte.
Expectativas? Todas. Ressalvas? Nenhuma, por enquanto. Portanto, vamos deixar o Bonde seguir em frente até Joel Santana seja a próxima vítima da fogueira das vaidades.

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E não se esqueçam: o que mantém o boi no pasto é o capim e não a cerca.

Por Nielsen, Carioca Desterrado
Em 8 de fevereiro de 2012, 3:25 P.M.