Com a vitória de ontem sobre o Real Potosi o Flamengo entra de vez na Libertadores. Pois bem, de cara eu já posso apontar um motivo real para comemorar: entramos agora realmente na competição e não corremos o risco de pagar um mico igual ao do Corinthians no ano passado. De agora em diante todos os times brasileiros na Libertadores têm a mesma chance de conquistá-la; não faz diferença em qual posição no campeonato você terminou. Fui claro?
Por outro lado... O Flamengo de 2012 é igualzinho ao de 2011. Sem tirar nem por. Só isso já me dá calafrios; imaginar aqueles resultados tenebrosos do Brasileirão, empates cheirando à derrota, derrotas no último minuto e tudo mais... Vejam: começou o Carioca com uma goleada para logo na partida seguinte empatar no sufoco; tinha a vitória nas mãos na primeira partida pela Libertadores mas cedeu o empate numa falha grotesca da defesa (sempre ela). Já vimos isso no ano passado, agora chega, né?
Vanderley Luxemburgo é, para mim, uma incógnita. No momento em que eu escrevo esse artigo tudo pode estar rolando lá na Gávea, inclusive uma improvável mas não impossível demissão. Bom, por mim ele fica. Só intuição; não me peçam para apontar motivos.
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E finalmente Vagner Love chegou pra ficar. Diferente de uns e outros, ele é torcedor do Fla, logo, não pode ser acusado de oportunista. Numa época em que craques declaram amor a quem pagar mais, chegam a ser comoventes as lágrimas derramadas pelo jogador ao vestir a camisa rubro-negra. Nele eu acredito, podem registrar.
Já o Ronaldinho... Aí é questão de salários, patrocínios. Grana, enfim. E esse assunto me dá náuseas.
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Olha, esse negócio de salários atrasados curiosamente unifica os grandes times do Brasil: TODOS passam por isso em um momento ou outro. Taí o Fla, o vasco, o Cruzeiro e outros; ninguém pode zoar ninguém. Mas, na boa, o presidente deste último perdeu uma ótima oportunidade de ficar calado ao ironizar essa mesma situação em seu time. Não importa se eles ganham (hipoteticamente) em um mês o que eu não veria no meu contracheque acumulado em toda a vida; contrato é contrato e tem que ser honrado. O presidente em questão deu um tiro no pé e as consequências disso virão com o tempo. Patético.
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Mudando radicalmente de assunto: quando “Acabou Chorare” (Novos Baianos, 1972) foi “eleito” pela revista Rolling Stone o melhor disco brasileiro de todos os tempos (ou algo que o valha) eu fiquei com um pé atrás. Com o tempo eu reavaliei minha opinião e digo que concordo com o resultado. Acabou Chorare é tudo aquilo que o rock brasileiro poderia ter virado nas décadas seguintes mas não virou. É tudo que a MPB poderia ter sido e não foi. É Assis Valente em cima de Hendrix. É João Gilberto. É football e maconha (ela mesma, fazer o quê?). É o melhor timbre de guitarra já gravado no Brasil. Enfim, é MÚSICA. Numa época de oportunistas sortudos como os Michel Telós da vida, é um alento saber que um dia esse disco foi gravado e lançado. Pelo menos isso.
Em tempo: vejam aqui http://www.youtube.com/watch?v=m6J0bg9MdMo&feature=fvst um documentário filmado lá mesmo na casa em que eles moraram em Vargem Pequena (o bairro em que o meu amigo e colega de blog nasceu, cresceu e ainda vive). E sintam o nó na garganta.
Por Nielsen, Carioca Desterrado
Em 2 de fevereiro de 2012, 3:15 P.M.