Embalado e sem freio
Décadas atrás, um “simples” FlaxFlu colocava nos estádios uma quantidade de pessoas inimaginável para os dias atuais. Em 1963, por exemplo, cerca de 176 mil pessoas se acotovelaram no Maracanã para o clássico em questão; nas duas décadas seguintes a média girou em torno disso. Hoje é diferente, as sucessivas reformas, não só no Maraca mas em todos os grande estádios, diminuíram drasticamente a capacidade dos mesmos. Questão de segurança, dizem eles. Mas eu pergunto: naquelas épocas não existiam problemas tal qual hoje? Não tinha violência? O fato é que se meia dúzia de babacas eram logo engolidos pela multidão ordeira, hoje os babacas são a maioria a provocar todo tipo de confusão. Falta de mulher, talvez. Se antes cabiam seis pessoas por metro quadrado e ninguém reclamava, hoje o sujeito tem um metro só pra si e reclama. Fresco. Cadeira individual era ficção cientifica; hoje é regra, exigência da FIFA.
A consequência disso é o esvaziamento dos estádios em nome da segurança. Os recordes de público em jogos disputados por clubes (todos no Maracanã, quase todos do Flamengo) jamais serão batidos. Não que eu ache ruim, mas é patético ver um narrador ou comentarista se referindo a um público de, vá lá, 50 mil pessoas e dizendo que foi um grande público. Um América x Madureira no meio da semana colocava facilmente esta quantidade de pessoas no Maraca trinta anos atrás!
O que mudou? Os estádios? Sim, eles mudaram, mas pior ainda: mudaram os torcedores, mudaram os jogadores, mudou o football. O ingresso custa uma fortuna e você paga pra assistir peladas. Gente que na Seleção de 70 não ficaria nem no banco hoje é chamada de “craque”. Palpiteiros de arquibancada da segunda divisão hoje são comentaristas. O football hoje é isso, que sentido faz ficar reclamando de estádios?
Tudo isso me vem à cabeça quando de um FlaxFlu; fico mais nostálgico do que já sou. Lembro do passado e choro, vejo o presente e choro mais ainda. Nelson Rodrigues não está perdendo nada em não presenciar essas coisas...
Tudo bem, o Fla que venceu o Flu ontem não é Raul, Leandro, Marinho, Mozer e Júnior; Andrade, Adílio, Tita e Zico; Nunes e Lico, mas é o Fla, pombas! É vice-líder. Tem o melhor ataque do campeonato. Está invicto. Está embalado e sem freio. Tem Ronaldinho Gaúcho. Tem Thiago Neves. Tem Felipe e Negueba. Tem Willians. E jogou pra caramba. Continuando assim é taça na mão!
Pois que venha o Palmeiras da Felipão Falastrão. Vamos enfiar uma trouxa feita com retalhos da bandeira do Palmeiras na boca dele pra parar de falar bobagem. Gosto dele como treinador mas não engulo ofensas ao Fla. E tenho dito.
************************************************************
Kleber é um bom jogador, muito bom mesmo. Mas, ah, esse negócio de jogador fazer corpo mole pra poder cair fora de onde está... Isso não me cheira bem; é bom o Fla abrir o olho com esse tipo de jogador. O barato pode sair caro depois. Se o cara não quer cumprir com um compromisso assinado e juramentado só pra poder “quem sabe” vir para o Flamengo, quem garante que ele não vai fazer a mesma coisa com o Fla depois? Prudência, gente, prudência.
Por Nielsen, Carioca Desterrado
Em 11 de julho de 2011, 2:15 P.M.