Reflexões
Pela segunda vez em menos de um ano uma tragédia quase tira o meu ânimo para escrever. Na quinta-feira, quando ocorreu o massacre de Realengo, eu estava programando a redação e postagem desta semana. Não consegui. Football, para quem trabalha no meio, é coisa mais que séria. Mas para nós, torcedores e blogueiros, é puro entretenimento por mais que, às vezes, nos aborreça. Pois entretenimento é como comida; basta um aborrecimento sério para nos tirar a vontade. Neste exato momento o sangue das vítimas daquele maluco ainda está no chão e nas paredes daquelas salas de aula, clamando por uma justiça que, em nível humano, não virá.
O curioso, irônico mesmo, é que o football é também cheio de injustiças, malgrado terem estas a sua parcela de responsabilidade em ter transformado o violento esporte bretão em assunto de interesse nacional. Ou não são estas “injustiças” muitas vezes as provocadoras de debates, brigas, polêmicas, ações na justiça e tudo o mais? Graças a estas distorções de interpretação é que existem comentaristas (ô raça!), programas esportivos, imprensa especializada (?) e, last not least, este blog. No dia em que football for realmente questão de vida ou morte eu paro de escrever. E o povão para de ir aos estádios.
Assim estou neste momento; tendo que falar sobre entretenimento quando eu próprio não estou para diversão, não bastasse a dor de cabeça que o Fla anda me provocando... Ignorar o clima reinante me é impossível; largar o blog não é justo nem sequer razoável, que faço eu? Bem, resolvi dividir com quem lê (?) este blog o meu desconforto. Se alguém aí não ficou chocado (ou pelo menos incomodado) com as cenas da última quinta-feira, procure outra coisa para ler. E vá se tratar.
(Como sempre faço, ouço música enquanto escrevo. Em momentos como esse recorro ao bom e velho Johann Sebastian Bach; hoje lancei mão das Variações Goldberg com o pianista canadense Glenn Gould. Imperdível.)
Portanto vocês só me verão alegre de novo quando o Fla estiver convencendo, pois vencendo está. Ainda. Quem sabe na semana que vem?
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Quando Marcelinho Carioca foi praticamente expulso do Corinthians anos atrás, a confusão teve pelo menos um pivô: Ricardinho. Aquela história sempre me pareceu muito mal contada. O meia, que numa enquete recente foi considerado pelos próprios colegas de trabalho um dos profissionais (?) mais odiados do meio, acabou de ser dispensado pelo Atlético/MG. Questionado sobre isso, o presidente do clube alegou que os três últimos técnicos (Wanderley Luxemburgo foi um deles) que passaram por ali pediram a cabeça do cara. Segundo eles, Ricardinho era uma péssima influência para os outros jogadores. Tirem as suas conclusões, pois eu já tirei a minha; o tempo é o senhor da razão.
Por Nielsen, Carioca desterrado
Em 9 de abril de 2011, 3:15 P.M.