No texto anterior eu me esqueci de falar de um assunto tão atual quanto irritante: as arbitragens. O meu colega de blog já tinha dado a deixa, mas eu estava tão absorto na questão das estatísticas que foram levantadas recentemente que deixei passar batido.
Esse assunto não se esgota em um único post de blog. Aliás, não se esgota nunca. Já disseram por aí que, se a profissão de árbitro de football não é a mais antiga do mundo, pelo menos é filha dela... Não faço a menor ideia de quanto ganha um juiz desses ou um bandeirinha; muito menos como é o seu treinamento, mas o fato é que no Brasil alguns deles são tão populares quanto os jogadores, seja qual for o motivo. Seja por bem ou por mal eles sempre conseguem ser mencionados no dia seguinte à rodada. Uns viram comentaristas; outros desaparecem com o tempo. A bandeirinha Ana Paula de Oliveira mostrou seus atributos físicos numa revista dessas aí (não, eu não vi). São, enfim, figuras do cotidiano do brasileiro.
Mas o que interessa para nós não é quando eles acertam (sim, eles acertam na maioria das vezes), mas quando erram. Um erro cometido na pior hora possível pode jogar a carreira do cara na vala. Ou render-lhe má fama para o resto da vida. A questão é: eles erram por incompetência ou “erram” por má fé mesmo? Em 2005 Edilson Pereira de Carvalho admitiu que meteu o garfo em algumas partidas e acabou indiretamente (via decisão do STJD) influenciando o campeão daquele ano. Pra mim foi um caso único; qualquer tentativa de acusar a arbitragem de “produzir” um campeão é leviandade. E, antes que me acusem de ingenuidade, lembro a todos que a lei me ampara: o ônus da prova é de quem acusa. Fora o caso supracitado, a única coisa que prevalece todos os anos no Brasil é a reclamação dos derrotados. Segundo o meu colega de blog, no Rio o virtuose neste tipo de chiadeira é o Botafogo; pra mim o campeão nacional nesta baixaria é o Atlético/MG. Mas uma coisa todos os grandes times do Brasil (sim, eu disse TODOS) têm em comum: sempre alegam uma suposta conspiração envolvendo a arbitragem para não deixar seu time ser campeão naquele ano. E nunca provam nada.
O que mais tem caracterizado as arbitragens no Brasil não é nunca a desonestidade, mas sim a incompetência. Deveria valer a máxima do “na dúvida não apite”, mas eles fazem o contrário: apitam tudo e travam o jogo. Depois de muito refletir cheguei á conclusão de que a arbitragem europeia é a ideal; eles deixam o jogo correr. Imagine se em cada esbarrão no adversário o juiz soprasse a porcaria do apito? Simplesmente não haveria jogo. Football é esporte de contato físico inevitável. Nem sempre o cara que pisou no seu pé fez isso de propósito; dentro de campo é a mesma coisa. Mas o brasileiro sempre prefere achar que estão todos contra o time dele...
Eu penso que nem sempre, ou melhor, quase nunca um erro de arbitragem realmente influencia o resultado de uma partida. Para ser mais exato, apenas em três casos possíveis: gol ilegítimo validado pelo juiz, gol legítimo invalidado e pênalti inexistente que acaba em gol. Pênalti não marcado não significa nada, afinal, quem garante que se fosse marcado viraria gol? Hein? O resto, me desculpem a franqueza, é choradeira, mais nada.
Numa eleição recente da FIFA (sempre ela...) Pierluigi Colina foi considerado o melhor árbitro da história. Já o melhor colocado brasileiro (23º lugar) foi José Roberto Wrong, perdão, Wright. Tirem as suas conclusões. O meu preferido é o Paulo Cesar de Oliveira: apita quando tem que apitar e mostra o cartão certo na hora certa. O problema é que ele, outro dia desses, mostrou apenas cartão amarelo para um jogador que quase arrancou a perna do adversário. Ninguém é perfeito.
Mas uma coisa é certa: dificilmente vocês lerão no lado rubro-negro deste blog reclamações contra a arbitragem. Não perco tempo com isso.
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Acho que me expressei mal no post anterior; quando eu disse que o Flamengo conseguiu o seu objetivo na última rodada do brasileirão eu estava me referindo exatamente a isso; a ÚLTIMA RODADA e não ao campeonato em si. Já não havia chances de título, portanto o Fla brigava por uma vaga na Libertadores (não importa se é “pré-Libertadores”). E, de lambuja queria avacalhar um possível título vascaíno. Pois bem, o Flamengo conseguiu a vaga e fez a sua parte para que o vasco fosse vice de novo. Quando o campeonato começou o objetivo era o título, coisa óbvia. Mas na partida contra o vasco conseguimos o objetivo em questão. É isso.
Por Nielsen, Carioca Desterrado
Em 16 de dezembro de 2011, 4:00 P.M.