Total de visualizações de página

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Por quê Flamengo?

Se alguém te pergunta o porquê de você torcer para o (coloque aqui o nome de seu time de coração), o quê você responde? Pois eu costumava responder com outras perguntas: Por que venta? Por que chove? Por que cai neve? E depois emendo: “faça uma pergunta menos idiota e eu te dou uma resposta menos imbecil.” É isso aí, não há motivos racionais com os quais se “explicar” a paixão por este ou aquele time. Afinal “o coração tem razões...” (você sabe o resto). É paixão adquirida na infância e, ao contrário das outras, não passa. Não se explica. Não se justifica. È claro que, muitas vezes, isso vem de pressão dos pais. Vestem o menino com a camisa do time, ficam repetindo o nome do time na orelha dele, enfim, só descansam quando têm certeza de que o filho (ou a filha) já está irremediavelmente contaminado. Em alguns casos isso é desnecessário: quando se trata de time grande, vencedor mesmo, basta mostrar a ele o histórico de títulos e tudo se resolve por si só. Mas quando é time pequeno ou pseudo-grande, com histórico pífio de conquistas, deve-se evitar ao máximo possível mostrar a ele o noticiário esportivo, por exemplo.
(É claro que “critério e nariz, cada um tem o seu”. Passei a considerar grande mesmo apenas o time que tem história pra contar: títulos, enfim).
Mas, se a pergunta for “por que você ainda torce por este time”, aí faz mais sentido. Tem que ter muito amor desinteressado para torcer para um time que não ganha, nunca ganhou, nem nunca vai ganhar nada de relevante, seja em nível nacional ou internacional. Não estou falando das equipes pequenas, que disputam campeonatos regionais e, eventualmente, ganham. Estou falando daquelas que apenas por um consenso jornalístico se consideram grandes, mas cujo histórico em nada justifica essa classificação. Torcida de time pequeno do interior é verdadeiramente feliz, pois não espera nada de mirabolante vinda de seu time. Enfim não se desilude porque não se ilude. O que vier é lucro. Já o torcedor de time “grande” vive sofrendo pois sonha (e exige) com Taça Libertadores da América (pelo menos uma), Copa do Brasil (no mínimo duas), Campeonato Brasileiro (um já serve, desde que seja recente). Estes torcedores são, na maioria das vezes,  iludidos com a expectativa de se conquistar tudo isso, e quando não acontece se sentem no direito de cobrar por promessas que NUNCA ninguém lhes fez. E quem cria essa expectativa? O tal consenso de que falei lá atrás.
O tempo só agravou essa situação no Brasil; hoje um torcedor confronta outro não mais com os resultados da última rodada, como acontecia antigamente, mas esfregando-lhe na cara o histórico de seu time (“meu time tem duas Libertadores, o seu tem quantas?”) ou estatísticas pra lá de duvidosas (”a minha torcida é mais isso ou aquilo do que a sua!”). Então o resultado da última rodada, seja ele qual for, é apenas provisório; o que passou a valer foi o curriculum do time...
Muitos podem me questionar dizendo: “pra você é fácil falar isso, você é flamenguista!” Sim, é verdade, mas não há como eu me colocar no lugar de um torcedor do Atlético/MG, por exemplo, pra saber como é. Não, eu sou flamenguista e não sei (nem quero saber) ser outra coisa. Se o Flamengo não fosse tãããããããão grande talvez eu fosse mais moderado nas minhas considerações. No máximo isso. Deixar de ser flamenguista, só quando não houver mais mundo.
Portanto, a partir de hoje quando alguém me perguntar o porquê de eu torcer para o Fla, direi apenas:
“Não faça perguntas difíceis!”

Por Carioca Desterrado
13 de agosto de 2010, 2:15 P.M.